O que é o perdão? Uma palavrinha que eu, você e a gentalha falamos da boca pra fora e que quer dizer não olhar mais para trás pra enxergar as culpas que você, eu e essa mesma gentalha temos assim uns com os outros? Clemência, absolvição, remissão dos pecados que já fizeram pra cada um de nós?
Nos meus começos, naquela minha busca impertinente da santidade, não conseguia nunca dizer desculpa. Era sempre Me perdoa, fulano, me perdoa, sicrano. Uma coisa! Esbarrava em alguém? Me perdoa. Esquecia uma coisa? Me perdoa. Perdão pra isso, perdão praquilo, perdão praquilo outro também. Todos eram perdoados por mim. Perdoados sempre, nas coisas mais baratas e mais caras, mais pueris e mundanas, inexoravelmente perdoados.
Só que, euzinha aqui, ninguém nunca me perdoou. Não é mentira não. Ninguém nunca me disse Perdão, Ana ou Perdão, professora. Eram sempre desculpas. Desculpinhas tolas, batidinhas no ombro, algumas vezes vazias e tardias. E eu lá: perdão pra lá, perdão pra cá. Pois agora, meu tchururuquis, quero gritar pra esse sertão inteiro me ouvir, pra esse sertão inteiro me escutar: Eu não te perdôo não. Nem te desculpar eu te desculpo. Existem coisas que nem Deus desculpa. Ele, que está acima de todas as coisas e Cujo nome é santo. Ele, que está agora forte a meu lado, junto com todos os exus do mundo e todas as pombas-giras também. Ele, que está limpando com esse limão cheiroso a merda que eu passei na sua cara e depois que esta sua cara está toda limpinha e lambuzada de limão, até com uns gominhos enfeitando; Ele, que me ajuda a abrir a janela e deixar o sol entrar e bater forte em sua cara pra você ver que ainda não chegou sua hora e que você está vivo com a cara preta queimando de ácido cítrico. Ele, que criou o mesmo sol que bate agora no seu rosto, que criou o mesmo sertão que vai ser sua última morada. Ele, que é meu pai e meu algoz, minha dor e minha brisa, minha coragem e covardia, seiva seca, deserto fértil, corda que enforca e chão que ampara, arado e areia, morro e pedra, banana e macaco. Ele, criador e criatura. Ele, O onipresente, O que ordena, O que governa, O que é. Ele, que não vai te perdoar tudo aquilo que me fizeste e vai te fazer sangrar até o bilbo. Ele, que está em tudo e em tudo está.
Ele, Eu.
Nos meus começos, naquela minha busca impertinente da santidade, não conseguia nunca dizer desculpa. Era sempre Me perdoa, fulano, me perdoa, sicrano. Uma coisa! Esbarrava em alguém? Me perdoa. Esquecia uma coisa? Me perdoa. Perdão pra isso, perdão praquilo, perdão praquilo outro também. Todos eram perdoados por mim. Perdoados sempre, nas coisas mais baratas e mais caras, mais pueris e mundanas, inexoravelmente perdoados.
Só que, euzinha aqui, ninguém nunca me perdoou. Não é mentira não. Ninguém nunca me disse Perdão, Ana ou Perdão, professora. Eram sempre desculpas. Desculpinhas tolas, batidinhas no ombro, algumas vezes vazias e tardias. E eu lá: perdão pra lá, perdão pra cá. Pois agora, meu tchururuquis, quero gritar pra esse sertão inteiro me ouvir, pra esse sertão inteiro me escutar: Eu não te perdôo não. Nem te desculpar eu te desculpo. Existem coisas que nem Deus desculpa. Ele, que está acima de todas as coisas e Cujo nome é santo. Ele, que está agora forte a meu lado, junto com todos os exus do mundo e todas as pombas-giras também. Ele, que está limpando com esse limão cheiroso a merda que eu passei na sua cara e depois que esta sua cara está toda limpinha e lambuzada de limão, até com uns gominhos enfeitando; Ele, que me ajuda a abrir a janela e deixar o sol entrar e bater forte em sua cara pra você ver que ainda não chegou sua hora e que você está vivo com a cara preta queimando de ácido cítrico. Ele, que criou o mesmo sol que bate agora no seu rosto, que criou o mesmo sertão que vai ser sua última morada. Ele, que é meu pai e meu algoz, minha dor e minha brisa, minha coragem e covardia, seiva seca, deserto fértil, corda que enforca e chão que ampara, arado e areia, morro e pedra, banana e macaco. Ele, criador e criatura. Ele, O onipresente, O que ordena, O que governa, O que é. Ele, que não vai te perdoar tudo aquilo que me fizeste e vai te fazer sangrar até o bilbo. Ele, que está em tudo e em tudo está.
Ele, Eu.
17 comentários:
Esqueçamos o perdão e essa nocao de culpa catolica apostolica romana que so afasta a gente do que realmente importa
"È assim é" o quê? Voce se sentiu uma agua viva ou um peixe banana?
Perdoa mesmo não que ninguém merece. o bom é colecionar amarguras!
tá bem de férias, professor?
abraço!
Professor amado!!!! Olha tomei a liberdade de fazer um link com o template do seu blog no meu blog... Espero que não ache ruim....
Vai la me visitar...
www.liviadutra.blogspot.com
Beijinhos
Pois é disse que postei seu blog no meu mas não dei o link ...
http://liviadutra.blogspot.com/2008/01/blogando-com-os-profis.html
Sobre o texto do meu blog...É e não é. Na verdade foi uma ironiazinha sobre umas "perdas" familiares que tive por causa da separação dos meus pais. Tenho certeza que quem tá envolvido entendeu... Te amo prof!
Muito bom a parte do limão. Fez lembrar Henry Miller no alto da sua performance literária. Quanto ao perdão em si... é uma forma de humilhação mútua: a quem perdoa e a quem é perdoado.
Quanto a Bibi, você ira conhecê-la.
Abrazoz.
bravo, homi!
A palavra perdão é uma palavra dificil de ser usada. Na verdade poucas são as pessoas que pedem perdão. Já perdoar e mais fácil. Ser humilde para pedir o perdão que é raridade. Mas no geral fingimos que perdoamos. Inté
Rafael Frois
Sou aluna do Rafael froiz achei muito interessante o seu texto Aline Melo
Meu nome é Marcela sou aluna do Rafael Froiz(seu ex aluno).Li sua crônica "As nossas ofensas" na verdade não assimilei muita coisa não,mas o que eu entendi que as pessoas sempre pedem perdão por qualquer coisa e a vida não é sempre cruel com a gente mesmo mas sim com todas as pessoas.
Quase sempre pedimos perdão pelos nossos erros,só que na verdade é somente da boca para fora que somos perdoados.
gostei muito de cidadão cão pois relata uma história de como era difícil receber um pedido de desculpa,e que deus está acima de todas as coisas é verdade.adorei muito.
Perdoar é a melhor coisa que podemos fazer para nós mesmo, pois quem somos nós para não perdoar, si o senhor dos senhores perdoa qualquer coisa que fazemos e pedimos perdão de coração ele perdoa! Júnia.
Paulo disse...
Ele criador e criatura
26-2-2008
Na minha conciência perdão devemos pedir a Deus.Pois todos nós erramos um dia,devemos sim pedir desculpas, pois ninguém tem poder de perdoar ningém, já que todos nós cometemos erros. NILDA /26/02/2008.
Edmundo, atualiza isso aí. abrazoz.
Edmundo!
Não tenho o seu email, por isso estou postando este recadinho aqui. Estou em cartaz no Cine Horto com o espetáculo "Lúdico Circo da Memória". O texto é do Luís Alberto de Abreu. Queria muito que você fosse. E, quem sabe, me ajuda a divulgar no Uni? Posso conseguir entradas (por preços simbólicos) para seus alunos. . topa? Me mande seu endereço . . . estaremos em cartaz só essa semana. ..
Bem, é isso. Leio seu texto sempre - o da formatura. E todo o livro. Realmente, vc arrasou. . muito obrigada por tudo.
Beijos.
Mariana.
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