Ao apelidá-la carinhosamente de Sininho, não havia em minha cabeça outra intenção que não fosse mesmo o calor que vinha daquela mulher. Ela surgia em minha direção como se levitasse. Iluminada e feliz, batendo suas asinhas. O que me veio no momento foi a personagem fantástica de James Matthew Barrie. Uma esposa, uma menina apaixonada e que, com um poder imperscrutável, andava por aí a fazer mágicas boas e travessas, soltando estrelinhas por onde passava.
Uma fadinha perfeita, pensei, ao olhar para a mulher. Imaginei isso, chamei-a Sininho e ela me abraçou. Depois, desavisadamente, começamos a nos amar pela tarde a dentro, como se o mundo parasse para que nosso encantamento pudesse ser realizado sem feitiços maus e alheios. Assim vem sendo.
Contudo, chamar o amor pelo nome de uma fada, pelo menos para mim, é algo que me conduz a outras alturas que não apenas aquelas do carinho jocoso e singelo. Comecei a pensar e, desse modo, tentei ir ao próprio mito, para preenchê-lo e esvaziá-lo novamente, obtemperando.
Sininho, Morgana ou a própria Rainha Mab, de “Romeu e Julieta”, as fadas são seres aptos a simbolizar as capacidades mágicas da imaginação. Trata-se de criaturas que, operando as mais extraordinárias transformações, podem satisfazer, ou decepcionar, nossos desejos mais trepidantes.
No mundo helênico, talvez seja a figura da Moira aquela que estaria mais próxima daquilo que hoje chamamos fada. O significado mais denotativo de Moira é “quinhão”. Ou seja: o que cabe ou o que deveria caber a cada pessoa. Num sentido mais conotativo, a Moira é a personificação do destino de cada criatura. É por isso que, na tragédia de Ésquilo, Prometeu afirma que até mesmo Zeus tem sua Moira e, por isso, não pode fugir ao próprio destino.
Ao mirar a mulher que caminhava em minha direção com todos os seus poderes, não pensei em nada disso. Mas, agora, penso? E, assim, ao mesmo tempo em que meus devaneios fazem de mim um homem efêmero, um sujeito que tragicamente deve aceitar seu destino, reconhecendo seu quinhão, eles, esses mesmos devaneios, me fazem também enfrentá-lo.
Se minha fada Sininho é mesmo meu destino, minha Moira, a parte que me cabe, não me cumpre apenas aceitá-lo. É preciso, antes e sempre, lutar por tal destino para poder merecê-lo. Como se eu mesmo fosse um Ulisses que não quer mais do que regressar a Ítaca. E, por isso, aventura-se, erra, guerreia, ama.
Como um Peter Pan, talvez seja necessário voar para a Terra do Nunca e de lá jamais sair. Tudo para que a ilusão de que a cena da Sininho que flutua em minha direção, batendo suas asas e me entregando seu corpo e seu amor, repita-se sempre. Dia após dia. Assim, eu não temeria minha Moira, não temeria meu destino, não temeria as decepções.
Seríamos só eu, minha fada e aquilo que depende apenas de nossas mágicas de amor.
Uma fadinha perfeita, pensei, ao olhar para a mulher. Imaginei isso, chamei-a Sininho e ela me abraçou. Depois, desavisadamente, começamos a nos amar pela tarde a dentro, como se o mundo parasse para que nosso encantamento pudesse ser realizado sem feitiços maus e alheios. Assim vem sendo.
Contudo, chamar o amor pelo nome de uma fada, pelo menos para mim, é algo que me conduz a outras alturas que não apenas aquelas do carinho jocoso e singelo. Comecei a pensar e, desse modo, tentei ir ao próprio mito, para preenchê-lo e esvaziá-lo novamente, obtemperando.
Sininho, Morgana ou a própria Rainha Mab, de “Romeu e Julieta”, as fadas são seres aptos a simbolizar as capacidades mágicas da imaginação. Trata-se de criaturas que, operando as mais extraordinárias transformações, podem satisfazer, ou decepcionar, nossos desejos mais trepidantes.
No mundo helênico, talvez seja a figura da Moira aquela que estaria mais próxima daquilo que hoje chamamos fada. O significado mais denotativo de Moira é “quinhão”. Ou seja: o que cabe ou o que deveria caber a cada pessoa. Num sentido mais conotativo, a Moira é a personificação do destino de cada criatura. É por isso que, na tragédia de Ésquilo, Prometeu afirma que até mesmo Zeus tem sua Moira e, por isso, não pode fugir ao próprio destino.
Ao mirar a mulher que caminhava em minha direção com todos os seus poderes, não pensei em nada disso. Mas, agora, penso? E, assim, ao mesmo tempo em que meus devaneios fazem de mim um homem efêmero, um sujeito que tragicamente deve aceitar seu destino, reconhecendo seu quinhão, eles, esses mesmos devaneios, me fazem também enfrentá-lo.
Se minha fada Sininho é mesmo meu destino, minha Moira, a parte que me cabe, não me cumpre apenas aceitá-lo. É preciso, antes e sempre, lutar por tal destino para poder merecê-lo. Como se eu mesmo fosse um Ulisses que não quer mais do que regressar a Ítaca. E, por isso, aventura-se, erra, guerreia, ama.
Como um Peter Pan, talvez seja necessário voar para a Terra do Nunca e de lá jamais sair. Tudo para que a ilusão de que a cena da Sininho que flutua em minha direção, batendo suas asas e me entregando seu corpo e seu amor, repita-se sempre. Dia após dia. Assim, eu não temeria minha Moira, não temeria meu destino, não temeria as decepções.
Seríamos só eu, minha fada e aquilo que depende apenas de nossas mágicas de amor.
2 comentários:
I'm a mean girl - I'm sure you know that! That's why I'm commenting in English (poor Ed-world!)
Well, maybe Sininho speaks English and can translate it to you:
You're a lucky guy. Congratulations! I hope I become as lucky as you when I get older. Un bison.
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