Denise Gomes
Prêmio Casa de Cultura Mário Quintana, Falar é o primeiro romance de Edmundo de Novaes Gomes, já lançado em Porto Alegre, em 10 de novembro de 2003, na 49a Feira do Livro, pela Editora Nova Prova (Romance: Falar, de Edmundo de Novaes Gomes, Nova Prova, 2003, R$ 28,00) e que terá seu lançamento em Belo Horizonte no próximo dia 3 de dezembro de 2003, na sala multiuso do jornal Estado de Minas, Av. Getúlio Vargas, 291, das 19:00 às 22:00 horas.
O romance de Novaes encerra em si uma polifonia de vozes, que numa leitura atenta e minuciosa pode representar uma única voz: a do narrador: “Falar, falar, falar. Todo mundo fala, fala, fala. Por isso, agora também resolvi falar, falar, falar. Falar pelos cotovelos. Falar à beça. Falar à vontade. Falar contra a vontade. Falar até. Falar de mim. Falar de você. Falar de amor”.
Como no mito de Eco, essa voz polifônica nada mais é que a repetição de uma mesma voz, ou das falas finais que, num fechamento de capítulo, abrirão o próximo. Como se sabe, Eco apaixonou-se por Narciso e, não suportando a indiferença cruel de seu amado, morre de amor, sobrevivendo-lhe a voz, que repetia as últimas sílabas da palavra. Assim, Eco e Ana, a protagonista do romance, são heroínas de seu tempo, símbolos de um amor que mata e, como resultante, fala, fala,fala, num eco ensurdecedor.
Falar: repetição incansável da dor de uma paixão perdida, perversa, assassinada. E, como autor de seu tempo, Edmundo faz da linguagem personagem principal de sua obra. Nesse sentido, coloca-nos de joelhos a implorar um final feliz: não para as personagens da trama, mas para nós mesmos, pobres mortais. A narrativa é forte, densa e tira o fôlego do leitor, que se domar sua perplexidade até a página 30, não conseguirá desgrudar seus olhos do texto.
David Harvey, em estudo sobre a transição da modernidade para a pós-modernidade diz que “o que aparece num nível como o último modismo, promoção publicitária e espetáculo vazio é parte de uma lenta transformação cultural emergente nas sociedades ocidentais, uma mudança de sensibilidade para a qual o termo ‘pós-moderno’ é, na verdade, ao menos por agora, totalmente adequado. A natureza e a profundidade dessa transformação são discutíveis, mas transformação ela é”. Edmundo faz parte dessa transformação. É ler para crer.
- jornal Estado de Minas, 1° de dezembro de 2003
Prêmio Casa de Cultura Mário Quintana, Falar é o primeiro romance de Edmundo de Novaes Gomes, já lançado em Porto Alegre, em 10 de novembro de 2003, na 49a Feira do Livro, pela Editora Nova Prova (Romance: Falar, de Edmundo de Novaes Gomes, Nova Prova, 2003, R$ 28,00) e que terá seu lançamento em Belo Horizonte no próximo dia 3 de dezembro de 2003, na sala multiuso do jornal Estado de Minas, Av. Getúlio Vargas, 291, das 19:00 às 22:00 horas.
O romance de Novaes encerra em si uma polifonia de vozes, que numa leitura atenta e minuciosa pode representar uma única voz: a do narrador: “Falar, falar, falar. Todo mundo fala, fala, fala. Por isso, agora também resolvi falar, falar, falar. Falar pelos cotovelos. Falar à beça. Falar à vontade. Falar contra a vontade. Falar até. Falar de mim. Falar de você. Falar de amor”.
Como no mito de Eco, essa voz polifônica nada mais é que a repetição de uma mesma voz, ou das falas finais que, num fechamento de capítulo, abrirão o próximo. Como se sabe, Eco apaixonou-se por Narciso e, não suportando a indiferença cruel de seu amado, morre de amor, sobrevivendo-lhe a voz, que repetia as últimas sílabas da palavra. Assim, Eco e Ana, a protagonista do romance, são heroínas de seu tempo, símbolos de um amor que mata e, como resultante, fala, fala,fala, num eco ensurdecedor.
Falar: repetição incansável da dor de uma paixão perdida, perversa, assassinada. E, como autor de seu tempo, Edmundo faz da linguagem personagem principal de sua obra. Nesse sentido, coloca-nos de joelhos a implorar um final feliz: não para as personagens da trama, mas para nós mesmos, pobres mortais. A narrativa é forte, densa e tira o fôlego do leitor, que se domar sua perplexidade até a página 30, não conseguirá desgrudar seus olhos do texto.
David Harvey, em estudo sobre a transição da modernidade para a pós-modernidade diz que “o que aparece num nível como o último modismo, promoção publicitária e espetáculo vazio é parte de uma lenta transformação cultural emergente nas sociedades ocidentais, uma mudança de sensibilidade para a qual o termo ‘pós-moderno’ é, na verdade, ao menos por agora, totalmente adequado. A natureza e a profundidade dessa transformação são discutíveis, mas transformação ela é”. Edmundo faz parte dessa transformação. É ler para crer.
- jornal Estado de Minas, 1° de dezembro de 2003
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